MP.5649
Ivan Carlos Bueno, "Cestos perto de uma cabana de madeira", s. d.

Relato de
Elias Fernandes Cordeiro
Guarani





Transcrição em Português












Josi:Essa é lá de Mangueirinha dos anos 1980. A gente não sabe dizer a aldeia, que acho que lá tem mais de uma Guarani né? Ou tinha...

Elias Fernando Cordeiro: Eu acho que lá em Mangueirinha tinha uma em Palmeirinha de Iguaçu, que agora já é bem mais populosa, e daí tem a outra. Antigamente tinha a beira do Rio Iguaçu também, que eram bastante moradores, mas agora tem bem pouca. Essa do Rio Iguaçu que eu falo já tem bem pouca família lá morando.

Então deve ser de algum desses lugares aí.

Josi:Você morava em qual lá?

Elias Fernando Cordeiro: Eu morava em Palmeirinha mesmo, eu morava mais lá no meio da vila. Eu morava mais no meio lá da aldeia mesmo.

Josi:No centrinho da aldeia?

Elias Fernando Cordeiro: Sim, no centro da aldeia.

Josi:E essa casinha da imagem, ela é bem familiar para ti?

Elias Fernando Cordeiro: É, bem familiar. Já me voltaram todas as lembranças de moleque. Já dá para ver que é bem típica mesmo, só pela construção, o jeito que ela foi feita e o cesto ali na frente também.

Meu finado vovô fazia muito esse cesto aí para colheita de milho, porque antigamente se colhia milho na mão, então tinha que ter alguma coisa para estar guardando os milhos, para estar trazendo lá da roça também. Tinha que encher esses cestos e trazer até o lugar que era para ser guardado, armazenado. Então, esses cestos aí, já é bem daquele tempo que o meu avô fazia mesmo.

Ele já é falecido também, já faz uns 15 anos, acho que mais, uns 18 anos mesmo já que ele já é falecido.

Josi:Como é que era o nome dele?

Elias Fernando Cordeiro: O nome dele era Henrique Fernandes.

Josi:E essa casinha, você acha que ela seria mais nesse estilo que teu avô guardava, armazenava, ou uma casa de morar mesmo?

Elias Fernando Cordeiro: Ele está com um estilo de casa de morar mesmo.

Geralmente assim. Talvez eles... o meu avô assim guardava milhos em outra casa, mas era mais assim, mais para consumo, às vezes ele tinha que fazer uma canjica, era socado no pilão antigamente, às vezes ele tinha, nós tínhamos bastante galinha, criava, daí tinha que estar armazenando, guardando milho para estar debulhando para as galinhas.

Mas aqui dá para ver que essa casinha aqui eu acho que ela deve ser para morar, porque ela está bem conservada pelo modelo dela.

Brunno Douat: Aqueles pedaços de madeira lá no fundo ali, as inclinadas, você acha que seria do quê? Para pôr alguma coisa para secar? Por que que servia essa madeira na casa?

Elias Fernando Cordeiro: Eu estou vendo ali sim, aquelas que estão no telhado ali dela, são a gente fala, as taquara, o bambu, o bambuzinho, eu acho que estão ali para irem secando, porque eu acho que a pessoa, dá para ver ali esses dois cestos, que elas estão viradas para o lado da casa, elas não estão acabadas ainda.

Então aqueles bambus ali é para terminar elas.

Então ele deve estar esperando esse bambu secar para finalizar esse cesto.

Brunno Douat: E só uma coisa, Elias, que a gente não chegou a comentar em nenhuma outra foto, não sei se estão me repetindo, mas a relação entre a horta, onde vocês cultivavam e a sua lembrança que você ia ajudar sua avó a colher, era próximo da casa ou qual era a distância que vocês percorriam?  Pode ser nesse fundo dessa casa, algum local de plantação de alguma coisa, ou vocês tinham que andar muito para algum outro lugar que vocês conheciam como horta?

Elias Fernando Cordeiro:  Então, meu avô cultivava muito, fazia as hortinhas dele, ele plantava muita melancia, muito amendoim, muita batata doce, mandioca, então ele já tinha um lugar próprio, dava uma distância de mais ou menos 200, 300 metros de casa, mais longe, por causa das galinhas, ele criava muito solta elas, então, se elas se fizessem muito perto de casa, elas iam e ciscavam a horta e acabavam estragando, então a gente fazia mais longe, onde elas não pudessem ir. Então, a gente geralmente fazia mais perto de onde tivesse rio, um riachinho para poder estar molhando a horta cedo e à tarde.

Então, aqui nesta foto, dá para ver em volta que ele tem uma pequena lavourinha aqui do lado esquerdo, aqui está do meu lado esquerdo, dá para ver que tem umas pequenas lavouras, mas a horta nossa, que o meu avô cultivava, era mais longe de casa mesmo.

Brunno Douat: Maravilha.





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