Relato de
florencio Rekayg Fernandes
Kanhgág


Transcrição em Português

FLORENCIO: As fotos das casas já enfileiradas seria já a época encerrando a SPI e iniciando a FUNAI, da época das serrarias já. Aquelas casas já são bem.. Aqui no Rio das COBRAS também teve, o pai foi contemplado na época, eu tinha uns 7 ou 8 anos e nós moramos numas casas assim com fogo de chão puxado. O engraçado é que Mangueirinha – não sei se é por que eles não aceitaram – em Rio das Cobras eles conseguiram montar esses modelos de casa mais um puxado de fogo de chão. Mangueirinha já não aceitava então mangueirinha em termos assim ele tava mais evoluído, lá eles já usavam muito fogão à lenha e tal, por conta do frio também. Esse daqui é mais Rio das Cobras né? Deixa eu ver aqui… é a vila chegando no Rio das Cobras. Bem interessante…Cheguei a ver essas casas, era cheio dessas casas. Nossa casa ficava numa outra aldeia, talvez essas são as casas mais da sede. Ali a gente vê pelo morro lá em cima que aqui é a sede já. Essas casas já foram construídas pensando na questão – O puxadinho já tem a saída da fumaça, daí fica com duas coberturas, uma sobreposta à outra. Eu creio que essas madeiras não foram tiradas daqui porque não tinha pinheiro aqui. O meu vô contava que essas madeiras foi o meu vô Miro que negociou com Mangueirinha, com a FUNAI, pra que eles trouxessem as madeiras de lá. Rio das Cobras nunca teve terra assim de pinheirais, teve a aldeia Pinhal que é guarani que é a única aldeia que tinha pinhais, mas daí o meu vô cedeu esse espaço ali né para os Guarani morarem ali, que pertence ao município de Espigão Alto mas ele é pra dentro da terra indígena mas é uma aldeia que chama Pinhal que é o lugar que tinha bastante pinheiro. Os pinheiros na época foram cortados então não sobrou nenhum pinheiro, então eles mandavam lá pra mangueirinha pra serrar e aí eles devolviam as madeiras pro Rio das Cobras construir essas casas [incompreensível] … foram pra Mangueirinha para serem beneficiadas e depois o pessoal, a FUNAI, construía essas casas. Não era nem os índios que construíam, por isso que a perfeição ali das casas. Teve engenheiro envolvido. Mas assim, respeitando a questão do fogo de chão, respeitando a questão Kaingang. Diferente de Mangueirinha que as casas já são mais… Essa casa é legal, dá pra fazer uma réplica dessa casa tranquilo. Hoje já é o contrário, então como as casas já são de alvenaria e não levaram em consideração essa questão cultural né? As casas que saíram aqui pela COHAPAR que são de alvenaria eles já não seguiram essa questão mais cultural. Então eles já acabaram fazendo a casa como é a casa da COHAPAR na cidade, então eles não respeitaram essa questão por isso que muitos construíram casas de fogo de chão ao lado das casas de alvenaria. A gente vê muito essas casas aqui. Se der certo de vocês virem pra cá, passa nas aldeias pra vocês verem que a maioria tem. A casa da mãe tem o puxadinho do lado, onde ela cozinha, faz os artesanatos dela. Aí uma das fotos que a gente vai trabalhar com a minha mãe vai ser esse espaço dela. Esse espaço onde ela faz artesanato, faz a comida, assa a mandioca nas cinzas. Eu sempre vou lá com ela e tal, mas por conta dessa questão da pandemia a gente acabou não indo muito até pra não ficar…

BRUNNO: É um espaço mais usado do que a própria casa maior feita de alvenaria, no caso?

FLORENCIO: é na verdade a noite quando era o fogo lá a gente ficava todo mundo lá dentro sabe? Eu lembro assim que meu vô e minha vó ficavam nesse espaço que eles faziam comida porque não tinha fogão a lenha lá dentro de casa era mais pra dormir mesmo, tinha um armário, uma mesa, alguma coisa lá dentro e ali no fogo de chão eu lembro assim era cheio de bancos, a gente sentava tudo em volta, tinha o fogo. Às vezes salpicavam uma carne ali, a vó já fazia um bolo de milho e já colocava nas cinzas. Era um momento mais família ali, contamos histórias… Ficávamos altas horas ali.

Relato de
florencio rekayg fernandes
kaingáng


Transcrição em Português


FLORENCIO: As fotos das casas já enfileiradas seria já a época encerrando a SPI e iniciando a FUNAI, da época das serrarias já. Aquelas casas já são bem.. Aqui no Rio das COBRAS também teve, o pai foi contemplado na época, eu tinha uns 7 ou 8 anos e nós moramos numas casas assim com fogo de chão puxado. O engraçado é que Mangueirinha – não sei se é por que eles não aceitaram – em Rio das Cobras eles conseguiram montar esses modelos de casa mais um puxado de fogo de chão. Mangueirinha já não aceitava então mangueirinha em termos assim ele tava mais evoluído, lá eles já usavam muito fogão à lenha e tal, por conta do frio também. Esse daqui é mais Rio das Cobras né? Deixa eu ver aqui… é a vila chegando no Rio das Cobras. Bem interessante…Cheguei a ver essas casas, era cheio dessas casas. Nossa casa ficava numa outra aldeia, talvez essas são as casas mais da sede. Ali a gente vê pelo morro lá em cima que aqui é a sede já. Essas casas já foram construídas pensando na questão – O puxadinho já tem a saída da fumaça, daí fica com duas coberturas, uma sobreposta à outra. Eu creio que essas madeiras não foram tiradas daqui porque não tinha pinheiro aqui. O meu vô contava que essas madeiras foi o meu vô Miro que negociou com Mangueirinha, com a FUNAI, pra que eles trouxessem as madeiras de lá. Rio das Cobras nunca teve terra assim de pinheirais, teve a aldeia Pinhal que é guarani que é a única aldeia que tinha pinhais, mas daí o meu vô cedeu esse espaço ali né para os Guarani morarem ali, que pertence ao município de Espigão Alto mas ele é pra dentro da terra indígena mas é uma aldeia que chama Pinhal que é o lugar que tinha bastante pinheiro. Os pinheiros na época foram cortados então não sobrou nenhum pinheiro, então eles mandavam lá pra mangueirinha pra serrar e aí eles devolviam as madeiras pro Rio das Cobras construir essas casas [incompreensível] … foram pra Mangueirinha para serem beneficiadas e depois o pessoal, a FUNAI, construía essas casas. Não era nem os índios que construíam, por isso que a perfeição ali das casas. Teve engenheiro envolvido. Mas assim, respeitando a questão do fogo de chão, respeitando a questão Kaingang. Diferente de Mangueirinha que as casas já são mais… Essa casa é legal, dá pra fazer uma réplica dessa casa tranquilo. Hoje já é o contrário, então como as casas já são de alvenaria e não levaram em consideração essa questão cultural né? As casas que saíram aqui pela COHAPAR que são de alvenaria eles já não seguiram essa questão mais cultural. Então eles já acabaram fazendo a casa como é a casa da COHAPAR na cidade, então eles não respeitaram essa questão por isso que muitos construíram casas de fogo de chão ao lado das casas de alvenaria. A gente vê muito essas casas aqui. Se der certo de vocês virem pra cá, passa nas aldeias pra vocês verem que a maioria tem. A casa da mãe tem o puxadinho do lado, onde ela cozinha, faz os artesanatos dela. Aí uma das fotos que a gente vai trabalhar com a minha mãe vai ser esse espaço dela. Esse espaço onde ela faz artesanato, faz a comida, assa a mandioca nas cinzas. Eu sempre vou lá com ela e tal, mas por conta dessa questão da pandemia a gente acabou não indo muito até pra não ficar…

BRUNNO: É um espaço mais usado do que a própria casa maior feita de alvenaria, no caso?

FLORENCIO: é na verdade a noite quando era o fogo lá a gente ficava todo mundo lá dentro sabe? Eu lembro assim que meu vô e minha vó ficavam nesse espaço que eles faziam comida porque não tinha fogão a lenha lá dentro de casa era mais pra dormir mesmo, tinha um armário, uma mesa, alguma coisa lá dentro e ali no fogo de chão eu lembro assim era cheio de bancos, a gente sentava tudo em volta, tinha o fogo. Às vezes salpicavam uma carne ali, a vó já fazia um bolo de milho e já colocava nas cinzas. Era um momento mais família ali, contamos histórias… Ficávamos altas horas ali.