MP.807
Wanda Hanke, Aldeia Farinha Seca - Dourados/MS, sem título, s.d
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Relato de
Elias Fernandes Cordeiro
Guarani





Transcrição em Português








Elias Fernando Cordeiro: Esta foto aqui, ela, né, é, eu consigo aqui, tirar uma conclusão, né, que talvez aqui, a pessoa que tirou esta foto, talvez queria só registrar a família, talvez, né, tirar uma foto como lembrança, né, porque estão tudo ali, tudo sentadinho, né, a família, ali, tudo eles juntos, né, e a casinha que é ali atrás também, né, talvez, talvez, eles, eles morem ali, ou talvez esteja só a passeio, né, também.

Marina Obba: Aquela casa ali atrás já dá para ver que está fechada, né, tem uma estrutura que é semelhante à da foto anterior, mas ela já está fechada na frente, naquela porção que você tinha falado.

Elias Fernando Cordeiro: É, então, é, então já dá para ver ali, já dá para ver pelo detalhe da casa também, já dá para ver que ela está toda fechada mesmo, então quer dizer que é essa família que mora ali mesmo, né, então quer dizer que é uma casa que é de moradia mesmo... essa família mora nessa casa mesmo, né, a pessoa que registrou essa foto aqui talvez quis registrar a família, né, a casa, junto, então que nem vocês falaram, as fotos, assim, né, às vezes não dá... ela dá imagem, mas a gente não consegue tirar muita conclusão dela, né, às vezes, despensas estavam ali, não... passeando, talvez, ou pode ser eles mesmo, o dono da casa ali, né, a gente não sabe bem, mas é isso aí. Se tiver alguma pergunta, já pode ir perguntando aí, que daí já vou vendo aqui também.

Brunno Douat: Essa casa, Elias, ela é a mesma casa daquela primeira foto que a gente te mostrou na semana passada, e nessa foto a gente consegue ver que ela, nessa daí, o senhor estava na frente desse tronco maior, que fica bem na frente da casa, que dá para ver daí na outra foto, se a gente puder passar, aí tem um tronco maior ali na frente, essa casa é do tipo de casa que você comentou que você construía, né, quando você ajudava seu avô a construir a casa, então você lembra, assim, de ter, de colocar algum tronco maior, assim, nas laterais da casa, para estruturar a cobertura, alguma coisa assim, você lembra, para que seria esse tronco maior ali na frente?

Elias Fernando Cordeiro: Ah, sim, eu lembrei, sim. É, desta foto mesmo.

Até achei outra foto aqui também, já com essa mesma família, não com a mesma família, mas esse senhor que está ali, né, do lado ali, o indígena ali, né, eu já achei ele, já na outra foto aqui também, ele está sozinho já na frente, quase em frente da mesma casinha, então eu já achei aqui. Então, essas estruturas de troncos mais grossas, que é usado, no meio e nas laterais, é para sustentar, né, o peso do telhado, né, onde vai as madeiras em cima, né, para sustentar o telhado, então esses troncos mais grossos, é para ele sustentar mesmo, tá?

E toda a estrutura lateral também, porque como sendo de madeira, né, por mais que a madeira usada para... tá fechando as laterais, elas podem ser mais finas, né, mas elas, elas pesam bastante também. Enquanto mais madeira usar, então mais pesada elas ficam.

Então, as madeiras mais grossas é para segurar a estrutura mesmo. Assim como uma construção, uma construção de casa, assim, de alvenaria, ele tem que ter uma estrutura boa, né, os pilares têm que estar bem reforçados. Então, é assim também a construção das casas indígenas, são, são todos... É tudo usado também assim, as madeiras mais grossas sempre nas laterais para segurar o peso, e meio também.

Brunno: Maravilha, quer dizer, alguma coisa eu vou passar também.

Ingrid: Só uma questão que, já que a gente está falando para além da arquitetura também de alguns objetos, dá para ver ali bem no primeiro plano, né, no cantinho inferior esquerdo da foto, é um cabo de guarda-chuva, parece?

Otto Bras: Uma bengala, será?

Ingrid: Uma bengala?

Elias Fernando Cordeiro: É, eu notei mesmo que tinha.

Eu não sei, não dá para ver bem, né, na foto aqui, mas parece ser uma bengala. Para ser cabo de guarda-chuva não é não.

Não parece muito, mas eu acho que é uma bengala que está encostada ali. Talvez seja do moço que foi tirar a foto, talvez. Talvez encostou ali para poder pegar um ângulo melhor, né, e acabou tirando a foto, o cabo da bengala junto.

Marina Obba: E tem um cavalo também com uma carroça ali atrás.

Elias Fernando Cordeiro: É, eu estava olhando agora também. Tem uma charrete, né, um cavalo, uma charrete lá atrás parado.

Talvez, talvez seja da, dessa família mesmo que mora ali, talvez, né, estão prontos para sair também, né.

Então, tem esses detalhes ali também mesmo do cavalo, né, e a charrete ali atrás.

Ingrid: É, tem mais uma coisa de objeto que me chamou um pouco a atenção. Esse mesmo homem que a gente vê na outra foto também, ele tem uma espécie de uma bolsa, né, atravessada.

E ela é bem retinha assim, né, livre, parece uma coisa bem, não sei, olhando de longe quase, sei lá. Eu queria entender se... É alguma coisa, é um objeto, enfim, típico ou será que é algum objeto externo?

Elias Fernando Cordeiro: É, ele tem essa bolsinha branca, né, atravessada assim. Nessa foto aí já apareceu melhor, é que dá para ver que ele está debaixo do braço dele.

Eu acho que deve ser uma bolsinha não feita por ele, né, mas uma bolsa mesmo normal, dessa que a gente costuma ver para vender em lojas, porque ela está muito... Ela está bem... bem feita, né, ela bem quadradinha, dá para ver isso melhorou na foto ali, estou vendo agora.

Ele usa de atravessado mesmo, talvez ele usa para guardar, né, o objeto dele, porque os guaranis eles fumam muito cachimbo.

E às vezes ele guarda fumo dentro, né, às vezes documentos pessoais também, né. A gente não sei o que ele usa dentro dessa bolsinha, mas ele usa essa bolsinha mesmo.

Dá para ver na primeira foto que vocês passarem nessa aí, que ele está com a mesma bolsa. Então, é uma... é um objeto pessoal dele mesmo, né.