A Dimensão Imaterial do Habitar e Construir Indígenas



Acervos

Somente conseguimos chegar nesses resultados com a potente parceria com o Museu Paranaense, que atuou conosco nas atividades de acesso às fotografias e filmes representando os Xetá, Kanhgág e Guarani de seu acervo, e também se envolveu nas discussões e impasses do projeto.

O museu é um dos lados desse encontro, porque se caracteriza como um dos mais importantes patrimônios culturais da memória indígena do Brasil. Instituição fundada em 1876, uma das mais antigas do país, este museu histórico-antropológico atravessou épocas e um dos atravessamentos mais contundentes foi o da história indígena. Somente a respeito dos povos Xetá, Kanhgág e Guarani, são mais de mil fotografias e filmes. Fez-se uma seleção desse volume enorme objetivando aqueles itens que melhor pudessem propiciar as narrativas indígenas envolvendo construções e formas de habitar dos três povos. São acervos incríveis que têm o potencial de fomentar muita conversa.

São imagens de diferentes épocas, que vão do início do século XX até os anos 1980. Pertencem a diferentes coleções, como as fotografias dos Xetá, sendo todas da coleção que leva o nome do pesquisador e documentarista tcheco Vladimir Kozák, feitas nos anos 1950 na mata da Serra dos Dourados, região noroeste do Paraná.

As fotografias dos Kanhgág pertencem à coleção que leva o nome da pesquisadora e colecionadora austríaca Wanda Hanke, feitas no então Posto Indígena Faxinal nos anos 1950, também à coleção Ivan Bueno/Jacó Cesar Piccoli/Carlos Ruggi realizadas no então Posto Indígena Mangueirinha nos anos 1980, e imagens mais antigas - provavelmente do início do século XX até a década de 1930 - que aparecem com autoria desconhecida e sem data, contando apenas com a informação de localidade (como São Jerônimo, Ivaí, Toldo das Lontras).

As fotografias e filmes dos Guarani também pertencem  à coleção Wanda Hanke (da região de Dourados), à coleção Ivan Bueno e Carlos Ruggi (anos 1980, também em Mangueirinha), assim como à coleção Mauro Giller, cujas fotografias foram feitas na Terra Indígena Ilha da Cotinga em 1989, e por fim à coleção Vladimir Kozák, que retratou um acampamento Guarani-Kaiowá às margens do rio Ivinhema em 1948.